sexta-feira, 28 de maio de 2010

O Verbo no Infinito.

Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.

E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito

E esquecer de tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...

Soneto a Busca.

Por você vou
Ao vau das amarguras
E pulo só de pensar
Em te ter nos meus braços

Braços que se arrepiam,
Ao te sentir
Ao te ver
Ao te lembrar...

E mesmo estando na escuridão
Eu me encontraria iluminado
Com a sua imagem

E me manterei aquecido,
O sangue quente procurando o coração
Onde guardo, para você, o meu amor.

Igor Luis Prats

Soneto da Espera.

Aguardando-te, amor, revejo os dias
Da infância já distante, quando
Eu ficava, como hoje, te esperando
Mas sem saber ao certo se virias.

E é bom ficar assim, quieto, lembrando
Ao longo de milhares de poesias
Que te estás sempre e sempre renovando
Para me dar maiores alegrias.

Dentro em pouco entrarás, ardente e loura
Como uma jovem chama precursora
Do fogo a se atear entre nós dois

E da cama, onde em ti me dessedento
Tu te erguerás como o pressentimento
De uma mulher morena a vir depois.

Vinicius de Moraes

terça-feira, 25 de maio de 2010

Alçando ao céu.

Sinto me só
Como uma utopia
Esquecida em um livro
Vermelho, cor da vida.

Vida que nunca tive,
Mas sonho em encontrar
Em um coração conquistado
Em uma batalha alçada.

Quem sabe me encontrem,
No canto de um quarto
E eu encontre a alegria.

Esperando alçar ao céu
Na esperança de ser,
E alcançar meu fim de ser.


Igor Luis Prats

Soneto a Alma Falsa.

Sinto a falsidade ao vento
Correndo por murros frios,
De lamentações, ações
Congelando ao relento.

Na vida já não há sentido,
Naquela que não se pode confiar
Naquela que não se pode contar
Aquela que não se pode mais amar

Amor que foi puro,
Simples, sem virtude,
Profundo...

Agora que olho nos teus olhos,
Procuro na fundura da alma,
e não encontro nada, apenas falsidade ao vento.


Igor Luis Prats

Soneto do Amor Reencontrado.

Do encontro fez-se o desencontro
O humano coração já não se encontra
Integro, mil pedaços de incerteza,
Certeza de não regressar.

Regresso ao encontro do amor
Expresso no beijo roubado,
Doce e intenso, melhor do que o dado,
ao acaso e sem sentimento.

Assim, quando eu me lembrar
Das tardes no teu corpo
Abraços e laços entre os nossos braços.

Eu encontre a felicidade,
De colar os pedaços de incerteza,
Na certeza do nosso reencontro.


Igor Luis Prats

Anfiguri



Aquilo que eu ouso
Não é o que quero
Eu quero o repouso
Do do que não espero

Não quero o que tenho
Pelo que custou
Não sei de onde venho
Sei para onde vou

Homem, sou a fera
Poeta, sou um louco
Amante, sou pai.

Vida, quem me dera...
Amor, dura pouco...
Poesia, ai!...

Vinicius de Moraes.